CLARA LUZ
Não sei a brancura
de um sol baixo de Inverno
que se empoleira no horizonte
E respiro e estico-me devagarinho até lá,
ao horizonte.
Repouso, sossego,
e prostro-me com humildade
ao mistério e ao infinito,
como minha vista e crânio e toda a memória passada e vindoura
num instante
se dissociassem em terra, água, fogo, ar e espaço e
pura luz clara que
não é luz, só é
genuína presença aberta
ao espaço de mistério e infinito.
Nasci
e esqueci-me de que morrerei.
Inflamou-me o sofrimento
a inspiração
para viajar ao imutável.
Sorrio
à estrela que se esvai
na primeira luz da madrugada.
Viajo e
a cada novo passo
o viajante
sente a quietude de ser
como se árvores e estrelas e vento e até espaço que sustenta a Terra,
é que se movimentassem
no centro do espaço
do coração aberto ao absoluto.
Sorrio,
não viajo,
viaja o universo intacto a cada instante
no centro do peito
que é
como sol de Outono
repousado num céu vasto
de pura consciência imaculada.
Acarinha-me a face
a luz pálida debruçada
na vidraça da janela.
Afago uma flor e
sinto
nuvens entre meus dedos.
Vislumbro sorriso de uma criança
e avisto infinito
em todas as infâncias do universo.
Fernando Nunes