Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Viagens Pela Vida

Poesia e coisas do coração

Poesia e coisas do coração

Viagens Pela Vida

12
Mai19

ABISMO QUE LIBERTA

Fernando Nunes

noite da janela do meu quarto (1).JPG

noite da janela do meu quarto (2).JPG

noite da janela do meu quarto (3).JPG

ABISMO QUE LIBERTA

Penso que existo.

A lua é nua
porque se despiu
no silêncio,
ao infinito.

E se eu fosse
além de mim mesmo.
Onde renasce o que penso e o que escrevo
se não é
neste único espaço de grande
paz
onde o luar dá gargalhadas e gargalhadas ecoadas em nada
e me amedronta e me rouba o coração e o pensamento e mos arrebata ao
silêncio
infinito.

Abre a janela
e deixa-te ir
com a luz da lua
até ao abismo da última estrela.

Fernando Nunes

27
Jan19

O SILÊNCIO

Fernando Nunes

limoeiros horizonte.JPG

O SILÊNCIO
O silêncio,
esse silêncio do espaço aberto de serro
que me arde na garganta
e me aperta e me queima a entranha.
Insólito, desconhecido e desolador,
só no início.
No primeiro contacto
fere-me a face
como arestas de pedras esquias e escorregadias
e nas mãos não o agarro.
Mesmo que lhe tente
em vão dar-lhe uma forma de música
e bata palmas
ou trauteio ao infinito
um fado desafinado,
ressoam as sonoridades
como ecos que penetram o
mistério
e invocam o silêncio.
Já não é ruge
a terra emudecida,
a montanha silenciosa.
Abre-se-me no peito
esse espaço
de silêncio
acolhedor como promessa
de não sei o quê de eternidade.
Quietude
silêncio
espaço
Fernando Nunes

12
Dez18

VIAGEM NO CORAÇÃO

Fernando Nunes

VIAGEM NO CORAÇÃO

Um vagão estrépito
estremece-me
para dentro
e para fora
de mim mesmo,
neste embalar tão infantil,
tão inocente
de incerteza,
de inquietação,
de qualquer coisa que não conheço,
que recuso em reconhecer
deste embalar
que me oscila
entre o acordado
e o adormecido.


Lá atrás
no vazio da memória,
só ecos nostálgicos, elétricos,
no anúncio de partida
num apeadeiro estremecido
metamorfoseando real em irreal
como coisa certa
em coisa incerta,
como estado sólido, concreto,
em estado líquido, vaporizado,
em vida sisada
por vida leve,
como universo inteiro
fosse somente sonho,
transparente, límpido e lúcido.

Janela de vidro
que me separa
do lá fora
neste deslizar
o linhas de ferro
ou de sonho.
Mas é este
fugir constante
que entra de um lado da janela
e foge do outro lado da janela,

árvores, montes, rio e céu.
Embalar irrequieto,
interrogo-me:
"Que espaço é este
em mim mesmo
como se eu fosse
só quietude
e a vida inteira
deslizasse em mim mesmo?".

Sigo viagem neste viver

de imenso mistério,
sigo viagem para dentro
do meu coração

Fernando Nunes

limoeiros horizonte.JPG

 

09
Dez18

SILÊNCIO QUE SOSSEGA

Fernando Nunes

SILÊNCIO QUE SOSSEGA

Gosto do silêncio aberto,
gosto do silêncio que sossega.
Gosto do silêncio
com uma varanda debruçada
sob o infinito.

Numa aldeia da Beira Baixa
há jardins de xisto
com caminhos de terra batida emudecidos,
que me ensinam
coisas simples e nobres.
E há árvores que me amam e pedras que me falam de vida e morte…
No jardim da minha aldeia
as estevas e carquejas
pulverizam-me o coração
e ensinam-me o infinito.

Porquê não posso
ser além do horizonte,
substância Mais leve que atmosfera
e, ás vezes, por diversão,
bruma translúcida e pensamento que solidifica e árvore e pedra e pessoa e universo e,
novamente, só sossego que sossega.

Na minha boca
sabor de terra, de carquejas e estevas
e nada preciso de saber
e nada preciso de ser.

Uma varanda debruçada sob o infinito.

Fernando Nunes

02
Dez18

OUTONO

Fernando Nunes

OUTONO

Outono
de campo e oceano,
tão tépido em
tremores no meu ventre
Sobe-me
no vermelho das veias em
efervescência espumada e salgada
de invocação ao mistério em
bramidos agonizados de gaivotas.
Sobe-me ardente
no ventre e no sangue e
escoa-se esse Outono esmorecido de doirado
num vislumbro do meu íntimo que
jaz além mar de
serranias inventadas e abismos de medos de mortes…

Silêncio
como único coração,
que pulsa, que sopra
folhas desfalecidas
 num ir e vir de
vidas renovadas
insufladas
das cinzas de todas as eternidades
e, só, por
instantes suspensas
em sorrisos de crianças
que são
brilho inofensivo de todos os Outonos

 

Fernando nunes

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub