Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Viagens Pela Vida

Poesia e coisas do coração

Poesia e coisas do coração

Viagens Pela Vida

19
Mar19

SENTELHA DE ESTRELA

Fernando Nunes

sol a bailar no jardim do terreiro da saudade (1).

Entardecer de fogo,
não o sei lá fora,
só o invento
no íntimo
enternecido do meu coração.

Abro a janela
como necessidade urgente
de reinventar a eternidade
que me penetra olhos adentro
de horizonte desprendido
de centelha de estrela de mistério e de não sei bem o quê
que me faz acreditar
num pedaço de vento
com canto de pássaro.

Porque
às vezes
nada há para saber,
só grito
o silêncio e infinito
como invocação de liberdade final.

Um passo no abismo
e abre-se sempre
de novo o mistério.

Fernando Nunes

11
Mar19

ÂMAGO FINAL

Fernando Nunes

canteiro junto à escadinhas entrada frontal do te

ÂMAGO FINAL

Há o olhar perdido
que procura
como palavra perdida.
Questionamento interrupto
da mente, do cérebro, do raciocínio,
mas quem procura o quê?

No princípio
é como cidade de ruídos incrédulos enlouquecidos e depressivos…
Abre-se então
sob mim mesmo,
vale silencioso
emudecido ao mundo, emudecido ao universo e
às perceções sensoriais  e mentais…
Persevera a dúvida
e tudo estoira
em leveza e liberdade.

Ó onde estou
nesse momento
de outrora e vindouro?
Se não aqui e aqui
num instante de liberdade e infinito?

Fernando Nunes

11
Fev19

MEDITAÇÃO TONGLEN

Fernando Nunes

sol a bailar no jardim do terreiro da saudade (1).

sol a bailar no jardim do terreiro da saudade (3).

MEDITAÇÃO TONGLEN

Com narinas de dragão
inspiro
o sofrimento inocente de todas as crianças,
com coração de fogo
alivio com um sopro
o sofrimento
de todas as infâncias imaculadas.
Inspiro e expiro e inspiro e expiro
no início dói,
e é estranho,
e é turbilhão de pensamentos,
e é emoções de prazer e de sofrimento…
Inspiro e expiro
e sinto-me louco,
e sinto-me em êxtase,
e triste e alegre e furioso e sereno
e só inspiro e expiro e inspiro e expiro…
Esgotar-se-á meu pequeno coração
porque
há um vislumbre que me expande ao infinito
e por fim num único instante
todas as crianças
são livres de sofrimento
na mente pacificada
que já nem é
a minha e a tua mente.
Até lá,
desapego-me destes versos
e de tudo o resto
e só inspiro e expiro e inspiro e expiro
e vou esgotando
a “minha” vida
até que só exista a vida.

Fernando Nunes

05
Fev19

A BELEZA DA INCERTEZA

Fernando Nunes

ruinas a entrada da silveira (1).JPG

sol a bailar no jardim do terreiro da saudade (1).

A BELEZA DA INCERTEZA

Frio tão inocente
no olhar que me regala a madrugada
e as lágrimas
embelezam a alegria
da minha boca
tão aberta de espanto e vem horizonte que me leva e me lava
a certeza da vida.
Fico enfim
despido de mim mesmo
Não sei
o que é fora,
o que é dentro,
o que é estar a dormir,
o que é estar acordado,
o que é sonho e não sonho,
o que é nascer e morrer…
Humilde neste instante
que sinto infinito e mistério,
humilde na incerteza da hora da morte.
Humilde porque sei simplesmente
que sou terra e água e fogo e ar e espaço e consciência.
Tudo me foi
emprestado
por um momento fugaz
que por engano designei de
“a minha vida”,
como se construísse vidraças inexistentes
que me aprisionam num rodopiar
de viver e morrer de viver e morrer e viver e morrer e viver e morrer…

Caminho e nada sei,
mas nesta madrugada
sorri a criança
como se brilho de sorriso
fosse a minha e tua
verdade imutável.

Fernando Nunes

24
Jan19

EU ACREDITO QUE POSSO VOAR

Fernando Nunes

dia de trovoada002.JPG

EU ACREDITO QUE POSSO VOAR

Posso voar,
eu acredito que posso voar.
Agarro um pensamento
e dou-lhe um pouco
de alento e de cor.
Deixo-o ficar
a levitar
leve e infantil,,
como sonho lúcido
que o posso moldar,
em coisa concreta, sólida…
Mas não quero
mais mundos paralelos
onde posso brincar
ou ficar aprisionado.

Abro-me
em quietude, silêncio e espaço.

Eu posso voar,
sonhar e materializar,
mas ao invés de
construir,
destruo
a solitude da vida
até que se revele só sonho, só fantasia.

Meu sonho
não é
materializar
sonhos.
Meus sonho
é explodir
em gargalhadas ardentes
e despertar do sonho cósmico.

Há uma noite
silenciosa
com um latido agudo
de um cão
ou lobisomem que tu imaginas
 e as estrelas tão trémulas baloiçam melodias de cigarras perdidas em infinitos,
e tu
abres-te ao espaço além
de tudo o que conheces,
de tudo o que imaginas…
É só isso
a liberdade que te liberta
num súbito instante
de quietude, silêncio e espaço infinito.

Deita fora
este poema
e escreve outro e outro e outro
até esgotares
a vida inteira
e deixa-a continuar a rodar,
mas fica fora
da roda infinita de fantasias.

Fernando Nunes

20
Jan19

GONGO PLANETÁRIO

Fernando Nunes

GONGO PLANETÁRIO

Sons semelhantes
e todos tão diferentes,
vibram nas minhas vísceras.
Gentilmente
como assobio de galáxia arcaica,
um rodopio harmónico
agita-me
os medos as agonias as alegrias os desejos e
súbito silêncio
abre-se em espaço de nada e de tudo.
Ronco estrondoso
destrói
definitivamente o universo inteiro e meu íntimo e,
novamente,
o renova com melódicos de boas novas…

Esvaziar
de tempo  e de espaço e
subtil interrogação
se existência é fantasia?
Tilintares metálicos
em delicados risos infantis
diluem meu questionamento
como piada cósmica.

Gongo planetário
que me destrói
e me reconstrói
e me integra
em mim mesmo e
para lá de mim mesmo.

Sou leve e livre e intenso
e atrás de mim mesmo
e atrás da vida e da própria consciência,
Quem sou eu?

Fernando Nunes

 

18
Jan19

PRESENÇA

Fernando Nunes

PPRESENÇA

Talvez
e só talvez,
ao ritmo incrédulo
da minha respiração
tudo se dissipe
como chispas
a estourarem no espaço aberto e imaculado.
E novamente
a terra, a vida e a morte,
numa canção
de alegria e angústia,
mas que para mim
será como
bolinhas
de sabão sopradas
ao infinito por
brincadeiras de crianças.

Não sei nada,
quando as bolinhas
também estourarem,

silêncio
como melodia de fundo,
e mistério e infinito
suspenso
no sossego do meu coração
que é presença infinita.

Fernando Nunes

sentado no banco das escadarias do terreiro.JPG

 

05
Jan19

CLARA LUZ

Fernando Nunes

CLARA LUZ

Não sei a brancura
de um sol baixo de Inverno
que se empoleira no horizonte

E respiro e estico-me devagarinho até lá,
ao horizonte.
Repouso, sossego,
e prostro-me com humildade
ao mistério e ao infinito,
como minha vista e crânio e toda a memória passada e vindoura
num instante
se dissociassem  em terra, água, fogo, ar e espaço e
pura luz clara que
não é luz, só é
genuína presença aberta
ao espaço de mistério e infinito.

Nasci
e esqueci-me de que morrerei.

Inflamou-me o sofrimento
a inspiração
para viajar ao imutável.

Sorrio
à estrela que se esvai
na primeira luz da madrugada.
Viajo e
a cada novo passo
o viajante
sente a quietude de ser
como se árvores e estrelas e vento e até espaço que sustenta a Terra,
é que se movimentassem
no centro do espaço
do coração aberto ao absoluto.

Sorrio,
não viajo,
viaja o universo intacto a cada instante
no centro do peito
que é
como sol de Outono
repousado num céu vasto
de pura consciência imaculada.

Acarinha-me a face
a luz pálida debruçada
na vidraça da janela.
Afago uma flor e
sinto
nuvens entre meus dedos.
Vislumbro sorriso de uma criança
e avisto infinito
em todas as infâncias do universo.

Fernando Nunes

dia de trovoada002.JPG

 

31
Dez18

A MINHA NOVA FACE

Fernando Nunes

Feliz ano :) Saúde e felicidade. Que todos os seres sejam felizes :) :)

 

A MINHA NOVA FACE

A minha face que
brilha em mim e em ti
como relembranças frescas ternas de
desenhos de crianças coloridos em folhas que
são despedaçadas ao vento em mil pedaços e
esquecidas
como coisa importuna da minha infância
queimado em bafo de noite quente
que me arde no ventre
sem rasto de memória.

A minha face
agora luminosa
fresca e húmida e peganhosa
no orvalho noturno
do meu rosto de mistério sem rosto
que sossega nesta terra crua e nua.

Ade renascer
em mim e em ti
a minha nova face
de rosto feito de infinito
que me queima agora a boca
com todos os alvoreceres
com línguas de fogo
que lambem e queimam
todas as eternidades
no mistério do infinito.

Fernando Nunes

sol a bailar no jardim do terreiro da saudade (3).

sol a bailar no jardim do terreiro da saudade (3).

 

28
Dez18

EXISTÊNCIA FUGAZ

Fernando Nunes

EXISTÊNCIA FUGAZ

O homem
vaivém
entre ânsias e ambições,
um sonho após outro sonho
move-se como cadáver ambulante
que carrega pensamentos e desejos.
Ás vezes sente
a exaltação  do êxito,
que se escoa da mente
com rasto agarrado de sofrimento.
Sorri ao horizonte num instante
sem ressentimento ou desejos e
no próximo momento já o pensamento
turva a luz do coração.

Dois ciprestes
crescem erguidos ao alvorecer e
o pássaro
esvoaça entre ramos e árvores.
Não pensa o pássaro no
passado ou futuro,
não sabe o cipreste que
foi pequeno e será grande e radioso.

O homem
olha a nuvem cinzenta e a branca e a negra e a brilhante e a baça e
mesmo quando vê a lua cheia
não vislumbra
o brilho estendido ao infinito.

Dois cadáveres descompõem-se
na terra nua e crua e
 sob a superfície do cemitério
há fulgor
de ouro e de silêncio  de
paz, a mesma paz
que nos dois corações habitou
e era o portal
para esta fresca paz de alvorada,.
Mas onde vagueia
consciência dos dois cadáveres?
Se não em sofrimentos
inventados
de fantasias de desejos e ansiedades?
Não sei, não sabes
ninguém sabe.
É aqui e aí e infinito
este único instante
de coração aberto
que eu e tu
podemos ser e permanecer
a presença serena
que é além
de todas as coisas
inventadas e não inventadas.

A flor abre-se a leste ou oeste,
a criança sorri só para ti,
Na cidade o passarito  chilra  entre teus passos agitados,.
Súbita sirene de ambulância
faz-te ver a fragilidade da existência.
Acarinhas a flor,
unes teus olhos ao riso da criança,
caminhas sereno ao ritmo melódico do chilrear do pássaro

Fernando Nunes

jardim dos limoeiros (1).JPG

 

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub