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Viagens Pela Vida

Poesia e coisas do coração

Poesia e coisas do coração

Viagens Pela Vida

11
Mar19

ÂMAGO FINAL

Fernando Nunes

canteiro junto à escadinhas entrada frontal do te

ÂMAGO FINAL

Há o olhar perdido
que procura
como palavra perdida.
Questionamento interrupto
da mente, do cérebro, do raciocínio,
mas quem procura o quê?

No princípio
é como cidade de ruídos incrédulos enlouquecidos e depressivos…
Abre-se então
sob mim mesmo,
vale silencioso
emudecido ao mundo, emudecido ao universo e
às perceções sensoriais  e mentais…
Persevera a dúvida
e tudo estoira
em leveza e liberdade.

Ó onde estou
nesse momento
de outrora e vindouro?
Se não aqui e aqui
num instante de liberdade e infinito?

Fernando Nunes

22
Dez18

FELIZ NATAL

Fernando Nunes

Feliz Natal

Natal, sinónimo de comunhão com a família, mas que este seja também um tempo de silêncio, de questionamento, de perguntas que no início podem ser incomodativas, mas que acabam por nos conectar ao nosso silêncio mais íntimo, mais verdadeiro, à essência do ser, à essência do cosmos. “Quem sou eu?”, “O que é a vida?”, “Donde venho e para onde vou?”, “Porque existe tanto sofrimento e será possível viver além sofrimento, com mais leveza e liberdade?”.

Deixa que as perguntas pulsem no teu coração, deixa que as perguntas te abram ao mistério e ao. infinito. :)

Feliz Natal :) :)

pai natal.jpg

 

14
Dez18

2ª NOBRE VERDADE

Fernando Nunes

Por aqui continua-se a escrever a crónica sobre a minha ida a El Chorro em 1995, e sim nesta época o Caminhito Del Rey era mesmo uma aventura J não era um palco de atração turística,. Afirmam escaladores portugueses que conheceram o caminho antes das obras de restauração e depois das obras quando lá regressaram, foi como se tivessem levado um soco no estômago, o caminho estava repleto de turistas como formigas em carreiro. Mas a crónica fica para um dia próximo. Deixo-te hoje com um texto já arquivado à alguns meses, sobre a segunda nobre verdade.

 

Boas leituras

 

 

O sofrimento é causado pelo desejo / apego?

 

A verdade é que somos todos um pouco vítimas dos desejos. Desejamos, visualizamos, acreditamos e empenhamo-nos para conseguirmos realizar nossos desejos, até determinado ponto está correctíssimo. Afinal como muito se afirma por aí, "A vida é sonho.", sonhar é intrínseco ao ser humano, quando temos sonho nasce uma nova energia no nosso âmago, porém, nunca ou raramente pensamos que nem tudo o que desejamos se irá concretizar e que é sempre a vida que tem a última palavra. A minha experiência pessoal diz-me que é bom aprendermos a ser humildes porque de um momento para o outro a existência pode golpearmo-nos despedaçando sem dó e piedade nosso ego. Há dois caminhos, ou nos vamos libertando do ego através do amor verdadeiro, ou o sofrimento encarrega-se da tarefa.

Para terminar, diria que é salutar considerarmos sempre as duas fases dos desejos, o que pode acontecer de bom e o que pode acontecer de menos bom ou nem acontecer. E se não se concretizar, segue-se de cabeça erguida e sorriso no rosto porque a vida é mudança constante e contínua, como diz um provérbio budista, "Não se pode lavar a mesma mão duas vezes seguidas no mesmo rio.".

Duas parábolas para falar do apego, embora estas histórias narrem o oposto de apego, porém, são trágicas principalmente a segunda história e, a maioria dos mortais, reagiriam de forma diferente do que as nossas personagens.

Foi com grande perícia de profissional que se preze que o fulano conseguiu arrecadar a jóia frente as duas personagens que o atendiam com cortesia e generosidade. "Foi um prazer conversar com o Senhor, em breve estou certo que lhe trarei boas notícias, o meu sócio vai ficar entusiasmado com a possibilidade de adquirir jóia tão preciosa e única.". Fez um gesto delicado levantando ligeiramente o chapéu e saiu porta a fora.

"Senhor José, senhor José!", "Diz lá homem, estás com um ar de tragédia, o que se passa?"", inqueriu o negociante ao seu colaborador, "Senhor José, o cliente, o cliente, bom o cliente não era nenhum cliente, ele, ele roubou a jóia...." Depois de dois ou três segundos de silêncio, José sorriu e exclamou, "Maravilhoso, maravilhoso, maravilhoso!".

Embora sem entender o José  o empregado manteve-se sem dizer palavra.

Depois de todos os procedimentos que a situação exigia com a polícia, a vida do comerciante continuou sem esse se revelar minimamente perturbado apesar da jóia roubada ter um valor maior do que o restante da sua riqueza.

Dias mais tarde a polícia prendeu o assaltante devolvendo a jóia ao negociante.

"Maravilhoso, maravilhoso, maravilhoso!", exclamou novamente José. O Colaborador da loja sem conseguir conter a curiosidade, "Senhor José, não o entendo, quando o larápio roubou a Jóia exclamou maravilhoso e agora que a sua jóia foi recuperada voltou a exclamar maravilhoso?".

O bom homem explicou-se afirmando que tinha sido maravilhoso em ambas a situações não ter perdido o bem mais valioso que lhe pertencia, a paz, a paz enraizada no âmago do seu coração.

 

 

 

O apito ronco e melancólico da locomotiva anunciou a partida de um comboio naquela tarde onde a estação principal da linha férrea estava aglomerada de muitos comboios. Porque nessa época as locomotivas moviam-se a energia do carvão,, soltou-se uma baforada de fumo negro  que, por momentos, tirou quase por completo a visibilidade do Artur que andava apressadamente a olhar para o relógio, porém, numa fracção de segundos o sapato do Artur resvalou arrastando-lhe a perna para a linha que foi de imediato amputada pelas rodas da locomotiva.

 

No hospital, Artur foi informado que a sua esposa estava muito angustiada, ao que ele pediu para lhe dizerem, "Digam à minha esposa que eu só fiquei sem uma perna, e que ainda posso continuar a viver e a exercer a minha profissão de costureiro.".

 

Diz a lenda que Artur ao sair do hospital, mesmo antes de regressar a casa, dirigiu-se à estação do comboio e, com o coração cheio de gratidão,  ficou a vislumbrar a enorme locomotiva, "Obrigado, obrigado, tive tanta sorte, podia ter morrido esmagado por esta grande locomotiva.".

 

Buda disse que grande parte do sofrimento humano é causado pelo desejo e apego.

 

Conclusão: passamos parte da vida ao sabor das emoções de desejos e apegos, mas existe a possibilidade de começarmos a sentir a vida com mais leveza, mais distanciamento de nós mesmos e abrimos o coração à compaixão.

 

Fernando Nunes

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