EXISTÊNCIA FUGAZ
EXISTÊNCIA FUGAZ
O homem
vaivém
entre ânsias e ambições,
um sonho após outro sonho
move-se como cadáver ambulante
que carrega pensamentos e desejos.
Ás vezes sente
a exaltação do êxito,
que se escoa da mente
com rasto agarrado de sofrimento.
Sorri ao horizonte num instante
sem ressentimento ou desejos e
no próximo momento já o pensamento
turva a luz do coração.
Dois ciprestes
crescem erguidos ao alvorecer e
o pássaro
esvoaça entre ramos e árvores.
Não pensa o pássaro no
passado ou futuro,
não sabe o cipreste que
foi pequeno e será grande e radioso.
O homem
olha a nuvem cinzenta e a branca e a negra e a brilhante e a baça e
mesmo quando vê a lua cheia
não vislumbra
o brilho estendido ao infinito.
Dois cadáveres descompõem-se
na terra nua e crua e
sob a superfície do cemitério
há fulgor
de ouro e de silêncio de
paz, a mesma paz
que nos dois corações habitou
e era o portal
para esta fresca paz de alvorada,.
Mas onde vagueia
consciência dos dois cadáveres?
Se não em sofrimentos
inventados
de fantasias de desejos e ansiedades?
Não sei, não sabes
ninguém sabe.
É aqui e aí e infinito
este único instante
de coração aberto
que eu e tu
podemos ser e permanecer
a presença serena
que é além
de todas as coisas
inventadas e não inventadas.
A flor abre-se a leste ou oeste,
a criança sorri só para ti,
Na cidade o passarito chilra entre teus passos agitados,.
Súbita sirene de ambulância
faz-te ver a fragilidade da existência.
Acarinhas a flor,
unes teus olhos ao riso da criança,
caminhas sereno ao ritmo melódico do chilrear do pássaro
Fernando Nunes