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Viagens Pela Vida

Poesia e coisas do coração

Poesia e coisas do coração

Viagens Pela Vida

27
Jan19

O SILÊNCIO

Fernando Nunes

limoeiros horizonte.JPG

O SILÊNCIO
O silêncio,
esse silêncio do espaço aberto de serro
que me arde na garganta
e me aperta e me queima a entranha.
Insólito, desconhecido e desolador,
só no início.
No primeiro contacto
fere-me a face
como arestas de pedras esquias e escorregadias
e nas mãos não o agarro.
Mesmo que lhe tente
em vão dar-lhe uma forma de música
e bata palmas
ou trauteio ao infinito
um fado desafinado,
ressoam as sonoridades
como ecos que penetram o
mistério
e invocam o silêncio.
Já não é ruge
a terra emudecida,
a montanha silenciosa.
Abre-se-me no peito
esse espaço
de silêncio
acolhedor como promessa
de não sei o quê de eternidade.
Quietude
silêncio
espaço
Fernando Nunes

24
Jan19

EU ACREDITO QUE POSSO VOAR

Fernando Nunes

dia de trovoada002.JPG

EU ACREDITO QUE POSSO VOAR

Posso voar,
eu acredito que posso voar.
Agarro um pensamento
e dou-lhe um pouco
de alento e de cor.
Deixo-o ficar
a levitar
leve e infantil,,
como sonho lúcido
que o posso moldar,
em coisa concreta, sólida…
Mas não quero
mais mundos paralelos
onde posso brincar
ou ficar aprisionado.

Abro-me
em quietude, silêncio e espaço.

Eu posso voar,
sonhar e materializar,
mas ao invés de
construir,
destruo
a solitude da vida
até que se revele só sonho, só fantasia.

Meu sonho
não é
materializar
sonhos.
Meus sonho
é explodir
em gargalhadas ardentes
e despertar do sonho cósmico.

Há uma noite
silenciosa
com um latido agudo
de um cão
ou lobisomem que tu imaginas
 e as estrelas tão trémulas baloiçam melodias de cigarras perdidas em infinitos,
e tu
abres-te ao espaço além
de tudo o que conheces,
de tudo o que imaginas…
É só isso
a liberdade que te liberta
num súbito instante
de quietude, silêncio e espaço infinito.

Deita fora
este poema
e escreve outro e outro e outro
até esgotares
a vida inteira
e deixa-a continuar a rodar,
mas fica fora
da roda infinita de fantasias.

Fernando Nunes

20
Jan19

GONGO PLANETÁRIO

Fernando Nunes

GONGO PLANETÁRIO

Sons semelhantes
e todos tão diferentes,
vibram nas minhas vísceras.
Gentilmente
como assobio de galáxia arcaica,
um rodopio harmónico
agita-me
os medos as agonias as alegrias os desejos e
súbito silêncio
abre-se em espaço de nada e de tudo.
Ronco estrondoso
destrói
definitivamente o universo inteiro e meu íntimo e,
novamente,
o renova com melódicos de boas novas…

Esvaziar
de tempo  e de espaço e
subtil interrogação
se existência é fantasia?
Tilintares metálicos
em delicados risos infantis
diluem meu questionamento
como piada cósmica.

Gongo planetário
que me destrói
e me reconstrói
e me integra
em mim mesmo e
para lá de mim mesmo.

Sou leve e livre e intenso
e atrás de mim mesmo
e atrás da vida e da própria consciência,
Quem sou eu?

Fernando Nunes

 

18
Jan19

PRESENÇA

Fernando Nunes

PPRESENÇA

Talvez
e só talvez,
ao ritmo incrédulo
da minha respiração
tudo se dissipe
como chispas
a estourarem no espaço aberto e imaculado.
E novamente
a terra, a vida e a morte,
numa canção
de alegria e angústia,
mas que para mim
será como
bolinhas
de sabão sopradas
ao infinito por
brincadeiras de crianças.

Não sei nada,
quando as bolinhas
também estourarem,

silêncio
como melodia de fundo,
e mistério e infinito
suspenso
no sossego do meu coração
que é presença infinita.

Fernando Nunes

sentado no banco das escadarias do terreiro.JPG

 

05
Jan19

CLARA LUZ

Fernando Nunes

CLARA LUZ

Não sei a brancura
de um sol baixo de Inverno
que se empoleira no horizonte

E respiro e estico-me devagarinho até lá,
ao horizonte.
Repouso, sossego,
e prostro-me com humildade
ao mistério e ao infinito,
como minha vista e crânio e toda a memória passada e vindoura
num instante
se dissociassem  em terra, água, fogo, ar e espaço e
pura luz clara que
não é luz, só é
genuína presença aberta
ao espaço de mistério e infinito.

Nasci
e esqueci-me de que morrerei.

Inflamou-me o sofrimento
a inspiração
para viajar ao imutável.

Sorrio
à estrela que se esvai
na primeira luz da madrugada.
Viajo e
a cada novo passo
o viajante
sente a quietude de ser
como se árvores e estrelas e vento e até espaço que sustenta a Terra,
é que se movimentassem
no centro do espaço
do coração aberto ao absoluto.

Sorrio,
não viajo,
viaja o universo intacto a cada instante
no centro do peito
que é
como sol de Outono
repousado num céu vasto
de pura consciência imaculada.

Acarinha-me a face
a luz pálida debruçada
na vidraça da janela.
Afago uma flor e
sinto
nuvens entre meus dedos.
Vislumbro sorriso de uma criança
e avisto infinito
em todas as infâncias do universo.

Fernando Nunes

dia de trovoada002.JPG

 

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